Pesquisa feita por cientistas do Museu Paraense Emílio Goeldi, visa levantar, ampliar e fornecer informações sobre o uso da vegetação desses ecossistemas litorâneos pelas comunidades locais de pescadores, identificando as espécies usadas na construção de currais, no acondicionamento de alimentos, na medicina caseira e como nutrientes.
Os resultados ressaltam a importância do ecossistema manguezal para as comunidades pesqueiras, já que além de criadouros naturais e abrigos para espécies de peixes, camarões, caranguejos e aves; de protegerem o litoral contra erosões e tempestades e reterem sedimentos evitando o assoreamento. A vegetação destes ecossistemas é fonte de madeira, usada na construção de casas, barcos, cercas e postes, bem como para lenha e carvão. Cascas e folhas também contém tanino, poderoso adstringente usado na curtição do couro, no tingimento das velas e na medicina caseira, para curar disenterias e hemorróidas.
A vegetação costeira é extremamente rica em recursos aproveitáveis pela população local. Entretanto esta vegetação, por estar próxima a praias, encontra-se em risco de destruição. A paisagem atrai o turismo predatório, a especulação imobiliária e a abertura de estrada, devastando mangues e restingas. O aterramento, a retirada de madeiras e a extração de areia para construções podem desestabilizar esses delicados ecossistemas.
As comunidades locais podem ser afetadas com a diminuição de seus recursos de subsistência, empobrecimento e conseqüentes mudanças de condições sócio-econômicas e culturais.
Além de prejudicar econômica e socialmente as comunidades, a destruição dos mangues e restingas reflete-se diretamente na diminuição da produtividade pesqueira, de recursos alimentares e medicinais. Por isso é crucial, para antropólogos e ambientalistas, preservar as tradições culturais e extrativistas das comunidades que vivem da pesca artesanal e, com elas, os ambientes com os quais os pescadores convivem e dos quais dependem em seu dia a dia.
Por: Alinne DicettiImagem: diaadia.pr.gov.br